Aranha Com Cérebro Nas pernas
A aranha Anapisona simoni, que habita as florestas da América Central, tem uma característica que a torna um dos animais mais curiosos do planeta: Seu cérebro de tamanho avantajado, por não ter espaço suficiente em sua cabeça, termina por se expandir para o resto de seu corpo, inclusive para suas pernas.
Mas ela não é a única a ter esse tipo de ‘problema’. A natureza parece ter achado solução semelhante na evolução de outras aranhas de tamanho pequeno. Esse problema que acontece com criaturas minúsculas possue relação com um problema da microeletrônica.
Em síntese, ao se tentar miniaturizar um circuito chega-se a um limite. Quando os axônios, estruturas que transmitem sinais neurais, são reduzidas a 0,1 micrómetros de diâmetro, por exemplo, os sinais que trafegam por eles passam a se tornar ‘ruidosos’, perdendo confiabilidade.
Além disso, tecido nervosos exigem muita energia, e as células nervosas ao se tornarem muito pequenas não comportam mitocôndrias (fontes de energia das células) suficientes para suprir essa necessidade.
Como resultado, a seleção natural, ao forçá-los a diminuir de tamanho os faz se tornarem animais com um cérebro de tamanho desproporcional ao tamanho de seus corpos.
O lado positivo é que a natureza parece fazer isso para que essas aranhas mantenham sua habilidades necessárias à sua sobrevivência. Certamente, a ‘inteligência’ desses animais seria prejudicada caso seus cérebros também tivessem diminuído.
Pelo menos foi o que descobriu, William Eberhard, do Smithsonian Tropical Research Institute no Panamá e da Universidade da Costa Rica, em 2007. Ele constatou em suas pesquisas que mesmo as aranhas minúsculas tecem teias que são tão complexas como as tecidas por seus parentes de tamanho maior. "Não houve correlação entre o tamanho da aranha e a precisão com que elas constroem a espiral pegajosa de suas teias", afirmou Eberhard.
Em pesquisas recentes, Eberhard e seus colegas tem identificado as conseqüências na anatomia do sistema nervoso desses animais para que elas consigam manter suas habilidades de tecer teias e capturar insetos. Aproximadamente 80% da cabeça e do tórax dos filhotes da aranha A. simoni é ocupado pelo seu cérebro. Ainda mais incrível é que, não tendo mesmo assim espaço suficiente, seus cérebros ainda se estendem para as pernas.
Os cientistas também descobriram que filhotes de outras espécies de aranhas maiores possuem protuberâncias em suas barrigas que teriam a função de proporcionar um espaço extra para conter seus cérebros proporcionalmente maior.
As aranhas não são as únicas criaturas minúsculas a possuírem uma anatomia singular devido a necessidade de acomodar seus cérebros. Alguns insetos minúsculos também tem cérebros estendidos para o abdômen.Já algumas espécies de salamandras miniatura perderam inclusive alguns ossos de seus crânios para ceder espaço para comportar seus cérebros.
Fonte: