terça-feira, 5 de junho de 2007

O escaneamento do cérebro que pode ler as intenções das pessoas





Minority Report de Verdade?

Uma equipe de neurocientistas desenvolveu uma poderosa técnica que permite investigar o interior do cérebro de alguém e ler suas intenções antes que ele aja.
A pesquisa levanta a discussão sobre as questões éticas que envolveria o uso da tecnologia no futuro para sondar a mente e investigar pensamentos. A equipe pesquisadora usou varreduras de alta resolução para identificar padrões de atividade antes de traduzi-las , identificando o que a pessoa planejava fazer num futuro próximo. É a primeira vez que cientistas conseguem com sucesso ler as intenções de alguém dessa maneira.
John-Dylan Haynes do Instituto de Cognição Humana e Ciências do Cérebro Max Planck na Alemanha lideraram este estudo que contou com a participação de membros do University College de Londres e da Oxford University.
A pesquisa é parte de uma série de estudos recentes nos quais imagens do cérebro tem sido usadas para identificar atividades relacionadas a mentira, comportamento violento e preconceito racial.
Se continuarem os rápidos avanços científicos nesta área, num futuro próximo a tecnologia poderá ser adotada para auxiliar no interrogatório de criominosos e terroristas, e mesmo prenunciar uma época em que a ficção mostrada no filme de Spielberg "Minority Report" se tornará realidade. No filme os julgamentos eram conduzidos antes que os crimes fossem cometidos com base na insvestigação preliminar da mente dos possíveis criminosos.
O Prof Haynes alerta para a urgência do debate sobre o tema pois não podemos ser pegos de surpresa quando a tecnologia permitir tal tipo de investigação. Ele chama a atenção para o perigo de que esse tipo de procedimento possa se tornar obrigatório um dia, mas também temos que ter a consciência de que se o proibirmos estaremos negando o direito de alguns provarem sua inocência.
Durante o estudo os pesquisadores solicitaram que voluntários decidissem se iria somar ou subtrair números mostrados na tela. Antes que os números fossem mostrados foram feitas varreduras cerebrais usando uma técnica chamada de "functional magnetic imaging resonance". Os pesquisadores então usaram um programa de computador que foi desenvolvido para apontar diferenças sutis na atividade cerebral para prever as intenções das pessoas com 70% de acerto.
O estudo revelou que as atividades numa parte do cérebro chamada córtex medial-prefrontal mudavam quando uma pessoa pretendia somar ou subtrair os números apresentados.
Há uma variação muito grande na forma como se apresentam as atividades cerebrais das pessoas quando estão pensando. Mas os cientistas já estão identificando formas de deduzir e diferenciar os padrões de atividades cerebrais e sua relação com os pensamentos.
Barbara Sahakian, da Cambridge University, questiona:"Realmente queremos nos tornar uma sociedade do tip de "Minority Report" onde nós estaremos prevenindo crimes que podem nem acontecer. Para algumas dessas técnicas é apenas questão de tempo. É apenas outra nova tecnologia que a sociedade terá que lidar e usar para o bem, mas nós devemos discuti-la e debatê-la agora porque nós não queremos que ela seja usada arbitrariamente numa corte sem que as pessoas tenham refletido sobre suas consequências."
Não está longe a época em que analisando a leitura cerebral de alguém poderemos dizer com certo grau de certeza que se ela está criando um história ou se está pretendendo cometer um crime.


O professor Colin Blakemore, neuroscientista e diretor do Medical Research Council, diz que "Nós não podemos exagerar sobre o poder dessas técnicas neste momento, mas o que você pode ter certeza de que elas irão evoluir e teremos mais e mais habilidade de sondar as intenções, pensamentos,esperanças e emoções das das pessoas. Alguns dos quais são desejáveis, porque eles ajudarão com diagnóstico, educação e assim por diante, mas precisaremos pensar sobre a ética envolvida porque isso cria um conjunto totalmente novo de informações pessoais que o médico terá a sua disposição para que decida como poderá ser usada."
Essa tecnologia pode também orientar avanços em computadores controlados pela mente e melhorar a condição de vida de pessoas deficientes. Sendo capaz de ler os pensamentos à medida que eles surgem na mente pode levar a computadores que permitam aos usuários enviarem e-mails e navegarem na internet usando apenas a mente, além de escrever com editores de texto que podem prever palavras ou sentenças você quer digitar.
Espera-se com essas técnicas levar a avanços em cadeiras de rodas e próteses de membros humanos que poderiam ser controlados pela mente respondendo a comandos emitidos quando uma pessoa quer mover-se.
O desafio atual nas pesquisas da leitura da mente é distingüir entre o que é realmente uma intenção genuína ou apenas uma hipótese cogitada pela pessoa sendo analisada.



Fonte: The Guardian

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