Descobertas Pessoas Imunes a Raiva na Amazônia
A Raiva é transmitida por morcegos ou animais domésticos  infectados e se não tratada é invariavelmente fatal.
Habitantes da região Amazônica do lado peruano podem estar  desenvolvendo imunidade a um dos vírus mais  letais do planeta.
(Imagem: sxc.hu)
A raiva (também chamada de hidrofobia) é uma doença infecciosa transmitida  pela saliva de animais infectados .  O principais  responsáveis por sua  transmissão são os morcegos que se alimentam de sangue. Ao infectarem  animais  domésticos, principalmente cães e gato, estes passam a também transmitir a doença.  No homem,  a morte é praticamente certa em cerca de uma semana após o  aparecimento dos sintomas. 
Mas isso parece estar mudando. Cientistas americanos e peruanos  encontraram  pessoas que desenvolveram uma imunidade natural à raiva na região  amazônica. Eles publicaram o resultado de seus estudos esta semana no periódico  The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene.
O trabalho científico realizado pelo Ministério da Saúde do Peru  e pelos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças dos EUA (CDC)   demonstrou que habitantes da região Amazônica expostos ao vírus tiveram um  índice de sobrevivência em torno de 11% sem usar nenhuma medicação.  
Para se ter idéia da gravidade da doença, no mundo existem pouquíssimos   casos documentados de sobreviventes à raiva após o início dos sintomas. Um dos  raros exemplos é o de uma menina de 8 anos chamada Precious Reynolds, nos  Estados Unidos em 2005. Além dela, um menino chamado Marciano Menezes da Silva,  sobreviveu à doença em 2009  no Brasil. Ambos ficaram com seqüelas neurológicas  devido a ação do vírus. 
Os resultados desta pesquisa são “muito surpreendentes,  mas convincentes” afirmou Hildegund  Ertl, especialista em vacinas no The Wistar Institute da Filadelfia. Esta  descoberta contradiz a idéia até então aceita de que a raiva sempre causa a  morte pois as pessoas examinadas tem evidências de  possuírem anticorpos contra a doença.
Amazônia Peruana
Os pesquisadores desenvolveram seus estudos em dois povoados  onde nos últimos 20 anos houve casos fatais de raiva devido a mordidas por   morcegos hematófagos: Truenococha e Santa Marta, ambas localizadas na Amazônia  peruana. Os morcegos saem à noite para se alimentar  do sangue de mamíferos  preferencialmente  do gado. Mas quando não encontram alimento eles atacam  humanos principalmente quando estes estão dormindo. A saliva do animal possui  uma substância anestésica que faz com que a vítima não desperte durante a  refeição do animal.
Os cientistas realizaram entrevistas com 92 habitantes nesta  região que é considerada o "reservatório natural" da doença na  América Latina.  Dos casos selecionados,  50 haviam sido mordidas por  morcegos.  Foram então colhidas amostras de sangue de 63 delas e em 7 foram  detectados anticorpos que neutralizavam o vírus. 
Entretanto os cientistas não sabem determinar com certeza se  essa capacidade desenvolvida por essas pessoas não se originou devido a  exposição ao vírus em quantidades insuficientes para desencadear a doença. No  artigo publicado no periódico científico, os pesquisadores informam que  essas  descobertas sugerem que o vírus da raiva não é totalmente letal aos humanos. 
A Organização Mundial da Saúde estima que o vírus da  raiva esteja presente em cerca de 150 países.  Muitos países desenvolvidos já  erradicaram a doença na área urbana,  restando apenas alguns focos nas áreas  silvestres.Na  Antártida,  Japão, Reino Unido  , e outras ilhas o vírus é considerado erradicado. Nos Estados  Unidos  em média apenas 2 pessoas morrem ao ano em conseqüência  da infecção  pelo vírus da raiva. Há cerca de um século eram 100 mortes ao ano. 
O principal motivo destes  países terem praticamente  erradicado a doença  foi a vacinação em massa de animais domésticos, sobretudo  cachorros e gatos. 
Mas  em muitos países a raiva ainda é uma sombra terrível  causando cerca de 55 mil mortes ao ano apenas na África e Ásia e levando cerca  de 15 milhões de pessoas a procurarem tratamento por suspeita de terem sido  infectadas. 
Os especialistas analisam que na China, nos países da ex-União  Soviética, no sul da África e nas Américas Central e do Sul os casos de raiva  parecem estar  aumentando.
A recomendação é de que uma pessoa exposta ao vírus seja por  mordida de morcego ou algum animal doméstico com raiva deve ser vacinada  preventivamente. 
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