A Importância do Horário das Refeições na Redução do Risco Cardiovascular
Foto de Ella Olsson: https://www.pexels.com/pt-br/foto/fotografia-de-postura-plana-de-tres-bandejas-de-alimentos-1640775/
Pesquisas
A pesquisa científica continua a revelar conexões entre nossos hábitos alimentares e a saúde do coração, destacando a importância de considerar não apenas o que comemos, mas também quando comemos. Um estudo recente conduzido pelo Instituto Nacional de Pesquisa para Agricultura, Alimentação e Meio Ambiente (INRAE) destaca como o horário das refeições pode influenciar o risco de doenças cardiovasculares, uma das principais causas de morte globalmente.
Doenças Cardiovasculares e Dieta: De acordo com o estudo, as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 18,6 milhões de mortes em 2019, com cerca de 7,9 milhões atribuídas à dieta. Isso destaca a influência significativa que nossos padrões alimentares podem ter no desenvolvimento e na progressão dessas doenças.
Impacto da Modernidade nos Hábitos Alimentares: O estilo de vida moderno das sociedades ocidentais, marcado por hábitos alimentares específicos, como jantar tarde ou pular o café da manhã, está agora sob o escrutínio dos cientistas.
Crononutrição e Sincronização Circadiana: O ciclo diário de ingestão de alimentos, incluindo refeições e lanches, intercalado com períodos de jejum, sincroniza os relógios periféricos ou ritmos circadianos dos vários órgãos do corpo. Isso influencia funções cardiometabólicas, como a regulação da pressão arterial. A crononutrição, como é chamada essa área emergente de pesquisa, está se tornando fundamental para compreender a relação entre o momento da ingestão de alimentos, os ritmos circadianos e a saúde.
Estudo NutriNet-Santé: Os cientistas analisaram dados de 103.389 participantes na coorte NutriNet-Santé, estudando as associações entre padrões alimentares e doenças cardiovasculares. Eles ajustaram os resultados para uma série de fatores confundidores, incluindo qualidade nutricional da dieta, estilo de vida e ciclo de sono.
Resultados Impactantes: Os resultados são reveladores. Atrasar a primeira refeição do dia, como pular o café da manhã, está associado a um aumento de 6% no risco de doenças cardiovasculares a cada hora de atraso.
Última Refeição e Risco de Doenças Cerebrovasculares: Quanto à última refeição do dia, comer tarde, após as 9h, está associado a um aumento de 28% no risco de doenças cerebrovasculares, como o acidente vascular cerebral, em comparação com quem come antes das 8h, especialmente em mulheres.
Jejum Noturno e Redução do Risco: Além disso, uma maior duração de jejum noturno, o tempo entre a última refeição do dia e a primeira do dia seguinte, está relacionada a um menor risco de doenças cerebrovasculares. Isso apoia a ideia de que iniciar e encerrar as refeições mais cedo no dia pode reduzir o risco dessas doenças.
A Importância da Replicação e Estudos Adicionais: É importante notar que esses resultados necessitam de replicação em outras coortes e por meio de estudos científicos adicionais com diferentes desenhos. No entanto, eles ressaltam o papel potencial do horário das refeições na prevenção de doenças cardiovasculares.
Estudo NutriNet-Santé e Participação Ativa: O estudo NutriNet-Santé, responsável por essas descobertas, é uma pesquisa de saúde pública que conta com a participação ativa de mais de 175.000 voluntários. Ao participar ativamente por meio da plataforma online segura em etude-nutrinet-sante.fr, os voluntários contribuem para o avanço do conhecimento sobre a relação entre dieta e saúde.
Conclusão: Ao dedicar alguns minutos por mês para responder, os voluntários desempenham um papel vital na expansão da compreensão sobre como nossos hábitos alimentares impactam nossa saúde cardiovascular. Em última análise, adotar o hábito de comer as primeiras e últimas refeições mais cedo, com um período prolongado de jejum noturno, pode ser uma estratégia eficaz na redução do risco cardiovascular. A pesquisa continua a destacar que não é apenas o que comemos, mas também quando comemos, que desempenha um papel crucial em nossa saúde cardiovascular.