Aprovado testes com células tronco em humanos
Foi autorizado nos Estados Unidos pela FDA (Food Drug and Aministration, maior órgão de controle de saúde americano) o primeiro teste com células tronco retiradas de embriões humanos.
O ensaio clínico poderá fornecer maior segurança quanto a eficácia do uso desta tecnologia que apesar de bastante promissora ainda está emaranhada em polêmicas políticas e éticas.
Os testes vão envolver células desenvolvidas pela Geron Corporation e pela Universidade Irvine da Califórnia e serão aplicados em pacientes com lesões recentes na medula espinhal. A empresa de biotecnologia Geron, financiou pesquisa pioneira nesta área em 1998, e desde então vem trabalhando com testes em animais.
A FDA inicialmente tinha liberado os testes em janeiro de 2009, mas antes que qualquer paciente fosse tratado o suspendeu. O motivo foi que alguns tumores foram descobertos em alguns ratos que receberam as células. A Geron se apressou em desenvolver um novo estudo com ratos e aperfeiçoar novos métodos para garantir o grau de pureza da célula. O resultado foi uma nova liberação da FDA na última sexta-feira.
As células nervosas progenitoras (embrionárias) podem se transformar em qualquer tipo de célula do corpo e poderão no futuro serem utilizadas para fazer substituições de tecidos lesionados trazendo esperança de cura para uma variedade de doenças. Essas células são obtidas a partir de embriões com poucos dias de vida e devido a sua grande versatilidade podem se transformar em qualquer tipo de célula tronco.
A controvérsia envolvendo células embrionárias tem girado em torno do fato de que para obtê-las é necessário destruir embriões humanos, embora alguns pesquisadores afirmem que agora isso já não seja mais necessário.
A política americana para a realização de testes envolvendo células embrionárias tem mudado de uma administração presidencial para outra, principalmente devido a pressão de conservadores religiosos quanto a utilizar e destruir embriões humanos. A administração Bush havia limitado o financiamento apenas para certos tipos de células. Já o governo Obama vem abrindo cada vez mais o leque de pesquisas que podem ser candidatas a receberem financiamento federal.
A empresa Geron, sediada em Menlo Park, Califórnia, promove a transformação das células tronco embrionárias em células conhecidas como oligodendrócito. Estas últimas são consideradas precursoras de células neurais. A partir de então essas células precursoras são injetadas na medula espinhal no local da lesão. A expectativa é que elas corrijam o revestimento em torno das células nervosas conhecido como mielina restaurando assim a capacidade de alguns nervos de transportar sinais.
O teste inicial terá até 10 pacientes e destina-se principalmente a testar a segurança da terapia. Mesmo que tudo dê certo, ainda serão necessários anos de ensaios complementares antes que esse tipo de tratamento possa ser usado na população em geral. A maior preocupação de segurança é a possibilidade de desenvolvimento de tumores nos pacientes que recebem células embrionárias injetadas.
Na seleção inicial os pacientes selecionados deverão ter terá uma lesão chamada completa, com praticamente nenhuma chance de recuperação espontânea, disse o Dr. Okarma, presidente da Geron. Dessa forma, se houver qualquer melhoria no seu movimento ou sensação esta poderá ser atribuída ao tratamento.
No mesmo campo de pesquisa, uma outra empresa, Advanced Cell Technology, está tentando ganhar a aprovação da FDA para testar células da retina derivadas de células tronco embrionárias como tratamento para a doença de Stargardt, uma condição do olho que provoca a perda severa da visão.
Recentemente o meio científico tem se animado a respeito de células tronco pluripotentes induzidas consideradas uma alternativa para as células tronco embrionárias.
Essas células podem ser feitas de pele de adultos ou de células do sangue, eliminando a necessidade de embriões humanos. Considerando que se uma célula do próprio paciente pudesse ser transformada em novo tecido seria praticamente nula a possibilidade de rejeição.
Estudos recentes entretanto demonstram que as células pluripotentes induzidas podem não ser tão versáteis como as células embrionárias quanto a capacidade de se transformar em diferentes tipos de tecidos.
Fonte: Revista Veja e The New Yor Times