A Morte do Twitter
Pois prá minha tristeza o Twitter morreu ontem.
Embora nossa convivência com ele tenha sido bastante breve, certamente ele deixará uma boa lembrança do esforço que todos fizemos para mantê-lo vivo ainda que as perspectivas não fossem nem um pouco animadoras.
Tive contato com o Twitter logo depois de sua provável primeira queda, que ocorreu na semana passada quando ao tentar seu primeiro grande vôo ele se precipitou da imensa altura em que se encontrava para cair vertiginosamente no chão.
Não, não estou falando do site Twitter.com pois este está de vento em popa, aumentando o número de participantes exponencialmente ao longo dos últimos meses. Falo do filhote de andorinha que achei na grama do pátio da indústria onde trabalho.
Todo verão, as andorinhas chegam e se instalam sobre o telhado da fábrica onde ficam por um tempo até decidirem migrar para outro lugar logo que o clima e a estação mudam.
Uma dessas andorinhas, na verdade um filhote, na semana passada tentou alçar vôo de cima do prédio e terminou caindo direto no chão.
Eu o encontrei saltitando na grama. Num primeiro momento hesitei em tentar ajudá-lo porque outras duas andorinhas davam rasantes sobre ele tentando protegê-lo. Passado alguns minutos observei que ele tinha se movido da grama para um piso de concreto que estava bastante aquecido pelo sol.
Ele certamente não sobreviveria por muito tempo naquelas condições, então resolvi levá-lo prá casa e tentar salvá-lo.
Sei das dificuldades de alimentar um filhote de pássaro mas após alguma pesquisa na internet consegui informação suficiente para me animar nessa empreitada.
Logo que cheguei em casa com o bichinho passei a contar com a ajuda inestimável de minha esposa principalmente porque nas minhas leituras sobre o assunto descobri que filhotes de aves tem que se alimentar com uma freqüência de menos de uma hora e que eu estando envolvido com meu trabalho não teria como cuidar adequadamente dele.
Nossa intenção era conseguir estabilizar a condição física da ave até que ela pudesse ser solta novamente na natureza ou quem sabe entregá-la a algum órgão público que pudesse readaptá-la à vida selvagem.
Comecei comprando uma ração para filhotes da marca Alcon, que paguei 10 reais. Comprei também uma seringa de injeção que usaria para alimentar o bichinho diretamente no bico.
A ração é misturada com água morna (em torno de 38 graus centígrados) e misturada até formar uma papa. Ao alimentar o filhote de ave temos que tomar cuidado para não machucá-lo além de termos que tratar de limpar seu bico a cada refeição para que ele não cole o que complicaria ainda mais a situação do animal. A seringa e quaisquer outro material utilizado no preparo dessa papa também deve ser muito bem limpo a cada utilização pois ela é composta de ovo e todos sabemos como o ovo é vulnerável a contaminação.
Apesar de certa dificuldade conseguimos fazer com que ele ingerisse um pouco de alimento no primeiro dia. Colocamos o pequeno filhote numa caixa de papelão e esta dentro de uma gaiola de Hamster que eu tinha em casa. Uma de nossas principais preocupações era mantê-lo em segurança de nossa gata.
Ao perceber no dia seguinte que ele estava aparentemente bem, tendo inclusive dado alguns pulinhos dentro da gaiola, ficamos mais otimistas e lhe demos inclusive um nome: Twitter (que em inglês quer dizer gorjear, daí o símbolo do twitter.com ser um passarinho).
Mas infelizmente ao final do mesmo dia ele estava bastante debilitado. Se alimentou muito pouco e parecia querer dormir o tempo todo.
No dia seguinte quando cheguei em casa do trabalho minha esposa me deu a triste notícia de que o Twitter tinha morrido.
Fizemos o que podíamos mas não adiantou. No fim prevaleceu a idéia que já tínhamos de que manter um filhote de ave é algo muito difícil.
Mas não me arrependo de ter tentado salvá-lo pois onde ele se encontrava não tinha a menor chance de sobreviver.